Curso Independência Financeira

[Aula 09] Fatores que influenciam os investimentos

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Seja muito bem-vindo à primeira aula do nosso terceiro módulo, onde vamos começar a tratar do seu portfólio de investimentos.

Para isso, vamos falar nesta aula sobre os principais fatores que você deve levar em conta na hora de decidir como e onde aplicar o seu dinheiro.

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Você vai ver:

  1. O mais importante na hora de investir
  2. 6 fatores que influenciam os seus investimentos

Então vamos nessa que o assunto é essencial!

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O mais importante na hora de investir

 

Geralmente, as pessoas que estão começando a investir querem saber, antes de tudo, qual o fundo que rende mais.

Claro que a rentabilidade é um fator relevante, mas com certeza não é o mais importante.

O mais importante mesmo é que os ativos em que você investe se adequem aos seus objetivos e à sua realidade financeira, isto é, a sua necessidade de dinheiro ao longo do tempo.

Se você precisa sacar o dinheiro daqui a um ano, por exemplo, não faz sentido aplicar os seus recursos em um imóvel, por mais que você saiba que esse imóvel vai render mais do que um ativo de curto prazo, pois será difícil transformar esse ativo em dinheiro com rapidez.

Chamamos de liquidez, portanto, a facilidade que você tem de transformar um ativo em dinheiro.

Esse conceito será importante para entender o que eu te mostrarei a seguir.

6 fatores que influenciam os seus investimentos

 

Agora, vou falar sobre os principais fatores que você deve levar em consideração na hora de escolher os ativos que farão parte do seu portfólio de investimentos.

1 – Riscos

 

O primeiro e mais importante fator na hora de investir é o risco.

Antes de pensar o quanto você quer ganhar, você deve estar ciente e de acordo com o máximo que pode perder.

Nesse sentido, você vai encontrar basicamente 4 tipos de risco:

  • De mercado: esse é o risco comum, ou seja, o risco de oscilação de preço. Quanto mais o preço for volátil, maior é o seu risco de mercado.
  • Operacional: está ligado às falhas humanas e ao método ou execução do sistema. Por exemplo, se você for comprar mil ações e acabar comprando 10 mil, você terá um problema de custo e precisará vender as ações em excesso que comprou, podendo perder dinheiro nesse processo. Esse tipo de risco, contudo, é relativamente baixo.
  • De crédito: o risco de crédito é basicamente a sua chance de levar calote. Quando você compra um título de dívida pública, por exemplo, o risco de crédito é muito pequeno. Contudo, quando compra título de uma empresa pequena, o risco de crédito aumenta, porque a chance de essa empresa não te pagar é maior que a de o país não te pagar.
  • Legal: é quando um contrato não é válido juridicamente. Isso provavelmente não acontecerá com você porque, no mercado financeiro, existe uma boa organização e regularização da parte legal, mas vale ficar atento.

Ao investir no mercado financeiro, os seus riscos serão basicamente o de mercado e, se você busca uma rentabilidade maior, talvez o de crédito.

Prestar atenção ao risco é muito importante porque, cada vez que você perde dinheiro, fica mais difícil voltar ao patamar anterior.

Além disso, ter retornos constantes e consistentes é melhor do que ter uma rentabilidade muito alta ou baixa, mas que na média seja igual, como podemos ver no exemplo abaixo:

  • Na carteira A, você tem uma rentabilidade de 5% no período 1 e 5% no período 2. Assim, você tem uma média simples também de 5%, com resultado composto de 5%.
  • Já na carteira B você ganha 10% no período 1 e 0% no período 2. Perceba que a média simples é igual, mas o resultado composto é menor: 4,88%.
  • A carteira C, por sua vez, tem rentabilidade de 15% no período 1 e -5% no período 2. Resultado composto de 4, 52%.
  • Por fim, na carteira D você tem uma rentabilidade de 20% no período 1 e -10% no período 2. O resultado final é o menor de todos: 3,82%.

Assim, fica claro que a média simples dessas 4 carteiras são iguais, mas a consistência de retornos é melhor do que ter grandes retornos e grandes perdas.

Isso não quer dizer que você deva fugir do risco totalmente, apenas que ele deve ser extremamente controlado, para que você possa maximizar o retorno do seu portfólio de investimentos, ok?

E muito cuidado ao pensar só em rentabilidade, porque as maiores rentabilidades são, sim, acompanhadas de maiores riscos.

2 – Necessidade de liquidez

 

O segundo fator que você deve levar em consideração é a sua necessidade de liquidez.

Como já mencionei, liquidez nada mais é do que a facilidade de transformar um ativo em dinheiro.

Então, por exemplo, se você tem R$ 1 milhão na conta bancária, você consegue sacar esse dinheiro com rapidez no mesmo dia.

No entanto, se você possui uma coleção de selos avaliada em R$ 1 milhão, a sua liquidez é muito baixa, porque você dificilmente vai encontrar um comprador para comprar selos nesse valor.

E isso também se reflete no mercado financeiro — quanto maior a liquidez num ativo, menor o retorno que ele tende a te dar.

Ademais, o contrário também é verdade: se você abrir mão da liquidez, pode barganhar um retorno maior em ativos como LCI, LCA e até mesmo CDBs.

Um caso típico em que você precisa de muita liquidez é a sua reserva de emergência, que deve equivaler a 6 meses das suas despesas.

Essa reserva deve ser guardada em uma conta da qual você possa sacar imediatamente caso tenha alguma emergência.

Ela deve ser composta basicamente por ativos pós-fixados com liquidez diária, porque, para uma reserva de emergência, não faz sentido investir em ações ou imóveis, mesmo sabendo que eles vão render mais.

Isso porque você corre o risco de ter que sacar esse dinheiro no meio do caminho com prejuízo, ou ter que vender por um valor abaixo do original para conseguir liquidez.

Assim, a liquidez é um fator muito importante, que vai definir o tipo de ativo em que você investe.

3 – Custos

 

Você compraria uma maçã de R$ 20? Provavelmente não. Mas você sabe quanto está pagando de taxas nos seus investimentos?

Se a resposta for não, você provavelmente está pagando muito caro.

Em relação a fundos de investimento e previdência privada, você pode contar 3 tipos de custo, que são as taxas de:

  • administração: é paga diariamente de acordo com o montante que você investiu, e independe da rentabilidade;
  • performance: é uma taxa que você paga ao fundo quando ele supera o índice de referência. Geralmente na renda fixa esse índice é o CDI e na bolsa de valores, o Ibovespa;
  • carregamento: a taxa de carregamento é uma taxa típica de fundo de previdência privada — a cada depósito que você realiza, o fundo recolhe essa taxa automaticamente.

Além disso, temos custos de transação e impostos. Quando você compra um ativo, precisa pagar um custo de transação.

Da mesma forma, quando o vende e recebe lucro, você paga imposto, e deixa de ganhar os juros compostos desse mesmo imposto.

Então, se você quer ter sucesso nos seus investimentos, minimizar custos é essencial (uma excelente forma de investir com custos baixíssimos é através do Tesouro Direto, sobre o qual falaremos em breve aqui neste curso).

Além disso, quando comparamos a gestão ativa e a passiva, fica claro que, mesmo quando há retornos parecidos ou até maiores na gestão ativa, você dificilmente vai ter um lucro maior, porque os custos vão corroer a sua rentabilidade.

Então, lembre sempre disto: quando analisamos os investimentos, o que importa é o retorno líquido.

A maioria das pessoas acabam chegando no mesmo retorno, mas quem opera muito, ou seja, tem muito giro, acaba tendo também custos enormes de transação e impostos.

Então fica claro como a gestão passiva, além de ter um retorno maior que a ativa em termos líquidos, que é o que realmente interessa, dá ainda menos trabalho e mais resultado.

E não sou eu quem está dizendo isso: diversos estudos comprovam que a gestão passiva, em mais de 90% dos casos, bate a gestão ativa.

4 – Prazo do objetivo

 

Outro fator muito importante é o prazo do seu objetivo.

Assim, carteiras de curto, médio e longo prazo são completamente diferentes e atendem objetivos diversos.

Assim, é nas carteiras de prazos maiores que podemos colocar ativos de maior risco, como ações ou títulos pré-fixados.

Isso porque podemos aguentar as oscilações de mercado e as crises da economia para obter um retorno maior.

Então quanto maior o prazo que você tiver para investir, mais arriscados poderão ser os ativos, porque você vai aguentar essas oscilações e não precisará vender os ativos.

Além disso, a alíquota de imposto de renda fixa é decrescente. Isso significa que o ideal é planejar os seus investimentos para que durem mais de 2 anos, ou 720 dias.

Dessa maneira você vai pagar a menor alíquota de imposto de renda.

5 – Inflação

 

Outro fator que costuma ser esquecido mas é extremamente relevante, principalmente no longo prazo, é a inflação.

A inflação pode ser definida como um aumento generalizado de preços, como já vimos em outras aulas.

Esse aumento nos preços gera uma perda de poder de compra e, conforme o tempo passa, os mesmos R$ 100, por exemplo, compram cada vez menos.

Assim, quando você tem um investimento que rende menos do que a inflação, significa que você perdeu dinheiro em termos reais.

Por exemplo, em 2015 a inflação foi de 10,67%. No mesmo período, a poupança rendeu 8,5%.

Isso quer dizer que quem tinha guardado renda na poupança em 2015 perdeu dinheiro, porque, quando sacou essa quantia, não conseguia comprar mais as mesmas coisas.

Então é muito importante que esse efeito seja considerado, principalmente a longo prazo.

Se você simplesmente considera a rentabilidade nominal, multiplicando o seu dinheiro pela sua rentabilidade, você está esquecendo da inflação.

E isso até pode não ter muito efeito em 1, 2, 3 anos; mas em 10, 20, 30 anos, pode significar o adiamento da sua aposentadoria, por exemplo.

Então, o que você precisa entender é que, a longo prazo, é necessário considerar a sua rentabilidade real, e não nominal — ou seja, aquilo que rendeu acima da inflação.

Nesse sentido, os melhores títulos para se proteger da inflação, porque geralmente tem rentabilidade real, são:

  • ações;
  • imóveis;
  • títulos de inflação.

6 – Retorno esperado

 

Por fim, vamos falar sobre o retorno esperado.

Como vimos, quanto maior o risco, maior o retorno. Mas o retorno esperado deve ser escolhido apenas depois de você analisar os outros 5 itens desta lista, ok?

E para definir o retorno esperado, é muito importante entender que rentabilidade passada não garante rentabilidade futura.

Digo isso porque é muito comum pensar que se um fundo rendeu muito no ano passado, ele obrigatoriamente vai render muito neste ano.

Mas você precisa estudar o fundo e entender por que a rentabilidade foi tão alta no passado, em vez de se apegar à rentabilidade que o fundo já teve.

Essa rentabilidade passada é apenas uma informação entre muitas, e não deve ser o único fator que você analisa na hora de tomar a sua decisão.

Tome muito cuidado também com dicas que prometem o ganho de muito dinheiro, como “ganhe 5% ao mês”, “fique milionário em 1 ano”, etc.

Quando uma pessoa oferece rentabilidade de 3%, 4% ou 5% ao mês em um investimento que ela não consegue te explicar muito bem, é quase impossível que isso seja verdade.

Só para você ter uma ideia, o maior investidor do mundo, Warren Buffett, tem uma rentabilidade média de 1,75% ao mês.

Então qualquer coisa que te ofereçam acima disso com a promessa de dinheiro garantido deve ser um sinal de alerta, combinado?

Lembrete importante

 

Na hora de investir, você deve sempre lembrar que os investimentos devem estar alinhados aos seus objetivos e ao seu fluxo de caixa.

Isso é o mais importante na hora de escolher onde aplicar o seu dinheiro.

E aí, gostou das dicas?

Por enquanto é só! Te vejo na próxima aula, onde iremos falar sobre as diferentes classes de ativos, ou seja, as formas como você pode aplicar seu dinheiro.

Até lá!

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