Curso Independência Financeira

[Aula 14] Renda Fixa IV – Principais ativos de renda fixa

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Agora que você já sabe quais são os fatores que afetam um título de renda fixa e conhece as formas de remuneração, vamos para a quarta aula de renda fixa, onde falaremos sobre os principais ativos dessa modalidade.

Mas, primeiro, uma rápida recapitulação:

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  • Os fatores que afetam a renda fixa são o risco de crédito do agente emissor da dívida, o prazo de pagamento e a liquidez.
  • As formas de investir em renda fixa são a pós-fixada, a pré-fixada e as indexadas à inflação.
  • Os piores investimentos são a poupança, os títulos de capitalização, os fundos de previdência privada dos grandes bancos e também os fundos de investimento de grandes bancos.

Tendo isso em mente, vamos falar sobre os principais ativos em que você deve focar no seu portfólio de investimento, aqueles com a melhor relação custo-benefício.

Você vai ver:

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  1. Títulos públicos
  2. CDBs
  3. LCIs/LCAs
  4. Debêntures de infraestrutura

Vamos lá?

Títulos públicos

Em primeiro lugar, quero falar sobre os títulos públicos.

Eles funcionam assim: o governo federal precisa de dinheiro para pagar suas contas e também realizar investimentos, certo?

Nesse sentido, boa parte do capital é conseguido através da cobrança de impostos e da emissão de títulos de dívida, que são vendidos para pessoas físicas através de uma plataforma on-line chamada Tesouro Direto.

A plataforma do Tesouro Direto é uma das mais modernas do mundo quando o assunto é distribuição de títulos públicos.

Além disso, comprar e vender esses títulos é muito fácil (quase tão fácil quanto realizar uma aplicação na poupança): basta liberar o seu acesso à plataforma e realizar a compra.

Em uma aula bônus deste curso, vou te mostrar um passo a passo de como abrir a sua conta até escolher qual título comprar, então não perca.

Risco

Em relação à garantia de pagamento da dívida, os títulos públicos são os ativos mais seguros do Brasil. Podemos inclusive dizer que eles possuem risco zero de calote.

Em primeiro lugar, porque o Estado pode imprimir dinheiro, como já comentei em outra aula.

Assim, se por algum motivo o Brasil não tiver recurso para pagar a sua dívida, ele pode imprimir mais dinheiro.

Claro que isso tem efeitos nocivos para a economia, como a inflação, mas significa que o risco de calote é muito pequeno.

Em segundo lugar, todos os bancos e a grande maioria das empresas possuem dinheiro investido em títulos públicos.

Então, se ocorrer calote, acontecerá também um colapso geral na economia brasileira, quebrando o país em todos os sentidos — ou seja, nesse cenário não importa onde o seu dinheiro está, porque você o perderá do mesmo jeito.

Tendo em vista esses aspectos, podemos considerar o investimento em títulos públicos virtualmente com risco zero de calote.

Liquidez

A liquidez dos títulos públicos é alta: você pode vender os seus títulos em qualquer dia útil e o governo garantirá a recompra — no dia seguinte o dinheiro estará na sua conta.

Custos

E quais são os custos envolvidos nesse tipo de investimento? Confira a lista:

  • Taxa de custódia CBLC: 0,30% ao ano.
  • Taxa de custódia da instituição financeira: varia de 0% a 2%.
  • Imposto de renda regressiva: investimentos acima de 2 anos ou 720 dias têm o benefício fiscal de pagar a menor alíquota, de 15%.
  • IOF (imposto sobre operações financeiras): pago quando você saca o dinheiro antes de 30 dias.

O IOF fará com que a rentabilidade seja muito pequena, então não é recomendado sacar o dinheiro antes de 30 dias.

Quanto à taxa de custódia da instituição financeira, algumas excelentes instituições financeiras cobram 0%, enquanto os grandes bancos costumam cobrar 0,40% ou 0,50%.

Mas pequenas diferenças percentuais ao longo do tempo fazem muita diferença, então não foque na comodidade de investir pelo banco, porque essa diferença na taxa faz muita diferença no seu resultado final.

Assim, estude a possibilidade de buscar uma corretora que entregue um serviço melhor e mais barato.

Tipos de Tesouro Direto

Através da plataforma Tesouro Direto, o governo disponibiliza três tipos de títulos:

  • Tesouro Selic: antigo LFT, segue a rentabilidade da taxa Selic, que é pós-fixada.
  • Tesouro pré-fixado: antigamente conhecido como LTN, tem rentabilidade estabelecida no vencimento e conta com uma versão com cupons.
  • Tesouro IPCA: tem rentabilidade da inflação do IPCA, que é o principal índice de inflação do Brasil, mais uma taxa pré-fixada.

Vamos ver em detalhes cada um deles.

1 – Tesouro Selic (LFT)

O Tesouro Selic é o título pós-fixado que segue a variação da taxa Selic, e a sua rentabilidade é diária.

O seu risco é praticamente zero: como vimos, o risco de calote é nulo, e o de mercado também é praticamente zero, porque isso só vai acontecer em aplicações com taxas de juros negativa.

Só que, como já vimos, o Brasil historicamente tem taxas de juros acima de zero, inclusive uma das maiores do mundo.

Em relação ao retorno, este tende a ser o título público que menos vende, justamente por ser o mais seguro (lembre-se sempre: a relação risco-retorno perdura por muito tempo).

A liquidez é no dia seguinte, em D+1, ou seja, você vende o título hoje e amanhã ele estará na sua conta.

Além disso, existem diversos vencimentos na LFT, então o melhor é dar privilégio para aqueles mais longos, porque você pode carregar por mais tempo e pagar menos imposto e taxas.

Mas quando você deve investir no Tesouro Selic?

O indicado é que ele seja usado para objetivos de curto prazo que necessitam de liquidez quase imediata e risco zero de mercado, ou seja, nos casos em que você precisa do dinheiro sempre disponível.

2 – Tesouro pré-fixado (LTN)

Nessa modalidade, o investidor já sabe a taxa que receberá no vencimento no ato da compra.

Vale ressaltar que o Tesouro pré-fixado apresenta risco de mercado, ou seja, oscilações na Taxa Selic afetam diretamente a rentabilidade de curto prazo desse título, caso você faça uma venda antecipada.

O seu fluxo de pagamento é simples; no entanto, existe também o tesouro pré-fixado com juros semestrais, antigos NTNFs. Eles funcionam exatamente como o Tesouro pré-fixado, mas com pagamentos semestrais de juros de 10% ao ano.

É indicado usar os LTNs para objetivos de médio e longo prazo, ou quando você identifica uma tendência de queda de juros.

São casos em que você levará o título até o vencimento, e dessa forma minimizará o risco de mercado.

Mas recomendo que você não tente especular com títulos públicos, porque isso exige muito estudo. O melhor é focar na locação de ativos, sobre os quais falaremos em breve, onde você tira praticamente todas as emoções da jogada.

3 – Tesouro IPCA+ (NTNB)

A grande vantagem desses títulos é que eles garantem uma rentabilidade real: quando você compra um título desse, está garantindo que a inflação vai render mais uma taxa pré-fixada.

Isso é muito bom porque, como vimos, ao pensarmos em médio e longo prazo, a inflação acaba corroendo o seu poder de compra. Então, se você não se proteger da inflação, precisará trabalhar mais e adiar os seus sonhos.

Exatamente por isso o Tesouro IPCA+ é indicado para médio e longo prazo, como aposentadoria, compra de uma casa ou estudo dos filhos, que são objetivos que tendem a sofrer muito com a inflação.

Por garantir essa rentabilidade real, este é um título muito interessante, mas, assim como o título pré-fixado, ele sofre com o risco de mercado, então muito cuidado se precisar realizar uma venda antecipada.

CDBs

Agora vamos falar de produtos bancários, começando pelos CDBs.

Ao investir em um CDB, você está emprestando dinheiro diretamente para o banco.

O que é legal nesse tipo de ativo é que você pode negociar taxas com o banco, porque elas não são fixadas. Ou seja, quanto maior o montante que você for investir,  menor for a liquidez que você precisar e maior for o prazo que você der para o banco, menor será a taxa que eles vão te oferecer.

Além disso, você pode buscar opções em diversos bancos, não precisando se ater apenas ao seu. As corretoras, por exemplo, têm plataformas onde indicam CDBs e LCIs de diversos bancos.

Risco

A garantia dupla do Fundo Garantidor do Crédito é muito interessante, mas não se esqueça que risco e retorno sempre andam de mãos dadas.

Ou seja, não se iluda achando que você está ganhando mais sem risco, porque ele existe.

O próprio FGC tem risco: ele garante mais ou menos 1% do montante assegurado, então, no caso extremo de colapso da economia, ele também não vai conseguir garantir o seu dinheiro.

Resumindo, o risco dos CDBs é o de solvência do banco (quanto menor o banco, maior o risco), mas com a garantia do FGC.

Retorno

O retorno dos CDBs pode ser muito interessante, principalmente quando o montante é alto, você não precisa da liquidez e pede um prazo longo.

Além disso, existem diversas formas de taxas: pré-fixadas, pós-fixadas ou indexadas, assim como no Tesouro Direto, então você pode escolher entre elas.

Liquidez

A liquidez pode ser diária ou no vencimento, o que pode ser negociado com o banco.

Lembrando que há incidência de IOF se você resgatar o dinheiro em menos de 30 dias, ok?

Prazos

Existem CDBs com prazos diversos.

Contudo, repito que quanto maior for o prazo, maior será a rentabilidade. Sempre tenha isso em mente.

Indicação

O ideal é que você utilize o CDB como uma forma de turbinar a sua rentabilidade.

Assim, quando você tiver uma quantia considerável (mas dentro do fundo garantidor de crédito) e um banco com grau de investimento te oferecer uma taxa razoável e acima do Tesouro Direto, você pode sim alocar uma parte do seu investimento nessas aplicações com risco maior.

LCIs/LCAs

Outro tipo de ativo bem interessante são as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

A grande vantagem desses ativos é que eles não possuem imposto de renda, porque foram feitos para incentivar tanto o setor imobiliário quanto o de agronegócio.

Contudo, eles possuem um risco maior.

Isso porque é difícil entender quais são os ativos que compõem o pacote vendido, mas, com a garantia do FGC mais o rating, eles podem sim ser opções interessantes para turbinar a sua carteira.

Então, resumindo:

Risco

O risco desse tipo de ativo é o da solvência do banco, mas com a garantia do FGC até R$ 250 mil aplicados.

Retorno

Devido à isenção do imposto, o retorno das LCIs e LCAs se torna muito atrativo para pessoas físicas.

Além disso, você também tem opções pré-fixadas, pós-fixadas e indexadas (geralmente você encontrará mais ofertas das duas últimas).

Liquidez

Na maioria dos casos, a liquidez de uma LCI ou LCA é somente no vencimento.

Ou seja, você não pode resgatar o dinheiro sempre que quiser.

Prazo

Os prazos deste tipo de investimento podem variar muito, indo de um mês até alguns anos.

Lembrando novamente que quanto maior for o prazo, maior será a rentabilidade.

Indicação

As LCIs e LCAs também são indicadas para turbinar a rentabilidade da sua carteira de investimentos.

Contudo, não é indicado colocar todo o seu dinheiro nesse tipo de ativo — o ideal é aplicar no máximo 15% do seu portfólio nesses investimentos.

Debêntures de infraestrutura

Os debêntures são outra forma de o governo incentivar o setor produtivo.

Aqui, a grande vantagem para um investidor pessoa física é, mais uma vez, a isenção de imposto de renda.

Geralmente você está investindo em projetos que emitem debêntures, como os dos setores de energia, construção e infraestrutura.

Risco

O risco de um ativo desses é proporcional àquele da empresa que o emite, então pesquise bem de onde vem o debênture antes de investir.

Além disso, os debêntures também têm cupons de juros, que diminuem um pouco o risco.

Contudo, não há a proteção do Fundo Garantidor de Crédito; o risco tem relação única e exclusiva com a capacidade da empresa de pagar as dívidas, então tenha um pouco de receio na hora de escolher esses ativos.

Retorno

Nesse tipo de ativo, você geralmente está lidando com títulos indexados à inflação mais uma taxa pré-fixada, que não tem imposto de renda ou outros custos.

Nesse sentido, o retorno costuma ser bem atrativo.

Liquidez

A liquidez depende do ativo, mas costuma ser muito baixa ou nula, porque você não consegue vender esses títulos em mercados secundários.

Às vezes você pode se deparar com opções mais líquidas, como quando o BNDEs ou a Vale lançam opções de debêntures, mas são casos raros.

Prazo

Os prazos costumam ser de médio ou longo prazo, acima de 8 anos.

Indicação

Os debêntures também são indicados para turbinar o seu portfólio de investimentos, desde que você aplique uma quantia da qual não vai precisar por um tempo, já que essa é uma carteira de longo prazo.

O montante, por sua vez, independe: você geralmente consegue aplicar a partir de R$ 1 mil.

Qual escolher?

Para te ajudar a escolher entre Tesouro Direto, CDBs, LCIs e LCAs, continue comigo para a próxima aula para entender qual vale mais a pena.

Nos vemos lá!

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