Curso Independência Financeira

[Aula 13] Renda Fixa III – Onde Não Investir

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Vamos para a nossa terceira aula de renda fixa, onde falaremos sobre 4 opções de renda fixa que você deve evitar.

Isso mesmo: evitar. Existem opções do mercado que definitivamente não devem fazer parte do seu portfólio de investimentos.

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Hoje, somos bombardeados por muita mídia e informação — seja o seu gerente do banco ou propagandas na TV e na internet, existe um grande grupo de pessoas falando sobre ativos que na verdade não são bons.

Isso porque a indústria financeira busca o lucro, assim como qualquer outra indústria. Então, para ter mais dinheiro, ela precisa que você ganhe menos.

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Ou seja, a sua falta de conhecimento gera lucro para a indústria.

Por isso, antes de falar sobre os principais ativos em que vale a pena investir, vou te dizer onde não investir, para evitar que você perca tempo avaliando essas opções.

Então me acompanhe para saber quais opções de renda fixa são uma perda de tempo na maioria dos casos e foque em colocar o seu dinheiro nos investimentos que mostrarei na próxima aula, combinado?

Vamos falar sobre:

  1. Poupança
  2. Títulos de capitalização
  3. Fundos de previdência privada
  4. Fundos de investimentos de grandes bancos

Vamos nessa!

Poupança

 

O primeiro investimento no qual você não deve aplicar dinheiro é a poupança.

Trata-se da modalidade de investimento mais comum no Brasil: mais de 80% dos investidores aplicam os seus recursos ali.

Isso se dá devido a, basicamente, dois motivos: a simplicidade de lidar com a poupança e o mito de que ela é o ativo mais seguro.

Mas será que isso é verdade? Vamos conferir a seguir.

Risco

 

A ideia de que a poupança é o ativo mais seguro realmente é um mito, porque ela tem o mesmo risco de diversos outros ativos, como CDBs, LCIs e LCAs (sobre os quais falaremos mais adiante) só que com uma rentabilidade menor.

Mas que risco é esse? É o de solvência do banco, ou seja, a capacidade do banco te pagar de volta.

Lembrando que você conta com o Fundo Garantidor de Crédito (sobre o qual falamos na aula passada), que cobre até R$ 250 mil por CPF por instituição.

Então essa é uma segurança a mais para quem investe.

Retorno

 

O retorno da poupança é dividido em duas partes:

  • quando a Taxa Selic está acima de 8,5% ao ano, ela vai render 0,5% ao mês + a taxa referencial;
  • quando a Selic estiver abaixo ou igual a 8,5% ao ano, ela rende 70% da Selic + a taxa CR.

Isso é uma remuneração muito baixa; é possível encontrar opções muito melhores com o mesmo risco.

Prazo

 

Outra desvantagem da poupança é seu prazo, porque ela só te remunera no aniversário, ou seja, quando completa 30 dias.

Por exemplo, se você colocar dinheiro no dia 5 de setembro e sacar em 4 de outubro, você não vai receber a rentabilidade, porque só consegue recebê-la todo dia 5.

Liquidez

 

A boa liquidez é uma das vantagens da poupança, assim como o fato de você não pagar imposto de renda, não ter custos envolvidos e o resgate ser instantâneo. Além disso, não há prazo mínimo para guardar.

Conclusão

 

Como vimos, a poupança tem algumas vantagens, mas se torna uma opção desvantajosa quando comparada a outros ativos de renda fixa com o mesmo risco e rentabilidade maior.

Além disso, você só terá rentabilidade no aniversário da poupança e receberá uma remuneração muito baixa, então ela acaba não valendo a pena.

Títulos de capitalização

 

Na verdade, os títulos de capitalização sequer são considerados um tipo de investimento: eles nada mais são do que uma loteria, só que com condições piores.

Mas é muito comum que os gerentes de bancos te empurrem os títulos de capitalização, por causa dos fatores que veremos a seguir:

Risco

 

O risco é de solvência do banco, mas sem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito, o que é o primeiro motivo para você ficar fora dessa.

Retorno

 

O retorno bruto costuma ser bom, mas a rentabilidade fica muito baixa, porque ele geralmente remunera apenas a TR (taxa referencial).

Isso significa que você perderá dinheiro em termos reais dependendo da Taxa Selic e da inflação.

Prazo

 

Os prazos podem ser firmados em termos de mês ou anos, variando de acordo com o título.

Só que os títulos de capitalização têm carência, então você não consegue sacar o dinheiro quando quiser, o que é outra grande desvantagem dessa modalidade.

Liquidez

 

A liquidez também é ruim, porque tem uma carência enorme e você precisa pagar uma multa muito alta para sacar.

Isso porque há recorrência, ou seja, todo mês um valor retirado da sua conta bancária é aplicado neste título, e se você quiser parar de aplicar, precisará pagar uma multa bem alta.

Conclusão

 

Os títulos de capitalização definitivamente não são uma boa escolha; inclusive, sugiro que você mude de agência se receber uma oferta de títulos de capitalização como forma de investimento.

No mesmo sentido, a liquidez dessa forma de “investimento” também é ruim, porque tem uma carência enorme e você precisa pagar uma multa muito alta para sacar o dinheiro.

Fundos de previdência privada

 

Este é outro produto bancário muito vendido pelos bancos, porque a sua recorrência — ou seja, o depósito que você faz todo mês no fundo — é altíssima, bem como as suas taxas, que são a de administração e a de carrego.

Vou te explicar mais sobre elas a seguir.

Risco

 

É o risco de solvência do banco, que nesse caso é o risco do próprio fundo.

Retorno

 

O retorno bruto desses fundos, que são os ativos que eles investem, até têm uma boa rentabilidade: muitos são indexados à inflação, alguns têm ações, etc.

Assim, eles costumam ter uma rentabilidade boa, mas a taxa de administração, que é cobrada sobre o total investido, mais a de carregamento, que incide sobre cada depósito, corroem completamente a sua rentabilidade.

Assim, é praticamente impossível ter uma rentabilidade decente somando essas duas taxas, que podem chegar a incríveis 7% ao ano. E isso dificilmente será barrado por um gestor.

Liquidez

 

Se você desejar sacar antes do prazo, a sua liquidez terá uma carência enorme.

Além disso, se você escolher a forma de tributação regressiva, o imposto de renda tem uma alíquota muito alta nos primeiros dois anos: 35%.

Isso vai caindo, e a partir dos 10 anos vai para 10%.

Prazo

 

O prazo desse investimento é longo, porque você tem uma multa para sacar.

Assim, se você tiver a ideia de sacar esse valor em 1 ou 2 anos, provavelmente perderá dinheiro.

Concluindo

 

As previdências privadas de grandes bancos têm taxas tão altas que não fazem o retorno vale a pena. Assim, essa modalidade só se torna interessante quando é feita na sua empresa.

Isso porque os fundos de previdência privada das empresas geralmente possuem uma taxa baixa de administração, não têm taxa de carrego, e a empresa está colocando dinheiro junto com você: você coloca R$ 1 e a empresa coloca mais R$ 1.

Ou seja, quando você tem uma previdência privada na instituição em que trabalha, costuma valer a pena colocar o máximo de dinheiro que puder até chegar ao teto de contribuição da empresa.

Mas pense muito bem antes de fazer uma previdência privada até mesmo nesses casos, porque você pode perder dinheiro mesmo que a empresa esteja aplicando junto, caso decida resgatá-lo antes do prazo.

Fundos de investimento de grandes bancos

 

Por fim, temos os fundos de investimento.

Existem fundos de investimento bons, sem dúvida. Contudo, a maioria deles estão em gestoras, e não nos bancos.

Assim, os fundos oferecidos a você em bancos serão muito caros e provavelmente não compensarão o seu investimento.

Então, se você quiser investir em fundos de investimento, precisa dedicar um tempo para estudar e garantir expertise para aprender a escolher os fundos certos.

Não basta olhar para a rentabilidade do ano que passou, já que a variância no mercado de investimentos é muito alta. É preciso prestar atenção na consistência do fundo, qual é o seu gestor, o tamanho dos recursos…

Ou seja, são “n” fatores para que você possa de fato escolher um fundo de investimento bom, e analisar todos eles vai levar bastante tempo.

Risco

 

De uma maneira geral, o risco do fundo de investimento é o risco de solvência do banco.

Retorno

 

O maior problema dos fundos oferecidos em bancos é que eles possuem altas taxas de administração que corroem a sua rentabilidade, assim como nos fundos de previdência privada.

Além disso, você pode ter que pagar taxas de performance, que são um percentual acima do benchmark daquele fundo.

Por exemplo, se você compra um fundo de ações, o seu benchmark (índice de referência) será o Ibovespa: se ele superar o Ibovespa, receberá um percentual daquilo.

Mas isso vai corroendo a sua rentabilidade!

E além das altas taxas de administração, existe o efeito “come-cotas”, que faz com que você pague imposto semestralmente, em vez de só pagar no final da aplicação. E isso, ao longo dos anos, faz muita diferença, porque o imposto pago hoje deixa de render juros sobre juros.

Na imagem abaixo você pode entender melhor o efeito come-cotas: a linha azul representa um título de renda fixa em que você paga imposto só no final, e a linha vermelha é um fundo com imposto a cada semestre.

Então você pode ver que ao longo de 30 anos a diferença é considerável: é de mais de 30%!

Se você está pensando que a diferença é pequena no curto prazo, lembre-se que, quando falamos de investimentos, é muito importante ter uma visão de longo prazo, porque vamos entender que o poder dos juros compostos é exponencial, o que fica claro nesse caso: em um ou dois anos a diferença é quase nula, mas se torna gritante ao longo do tempo.

Liquidez

 

A liquidez vai depender do fundo: alguns têm liquidez diária, outros têm carência de alguns dias e assim por diante.

Dessa forma, é necessário ver a política daquele fundo para saber ao certo qual é a sua liquidez.

Prazo

 

Assim como a liquidez, o prazo também depende do tipo de fundo: alguns são para curto prazo, outros para longo prazo.

O mais importante aqui é frisar que alguns fundos têm carência, então é importante ficar atento.

Conclusão

 

O retorno bruto dos fundos de investimento costuma ser bom, mas as altas taxas cobradas, aliadas ao efeito come-cotas, acabam com a sua rentabilidade.

Assim, aconselho que você não busque fundos de investimentos em grandes bancos — se quiser investir em um FI, busque gestoras independentes que costumam ter excelentes fundos.

Só que, como já frisei, é difícil achar um bom fundo, porque isso demanda tempo, expertise, etc.

Nas próximas aulas veremos que existem opções de fundos passivos com taxas baixas e que não cobram performance, que são os principais ativos de renda fixa onde você pode investir com mais garantia de ter um bom retorno.

Então venha comigo!

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