Curso Independência Financeira

[Aula 11] Renda Fixa I – Como Funciona o Mercado de Renda Fixa

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Seja bem-vindo de volta!

Nesta aula vou explicar como funciona o mercado de renda fixa e quais são os três principais fatores que influenciam no preço desses ativos.

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Para começar, vou explicar o que é o mercado de renda fixa.

Em geral, o governo, as empresas e os bancos precisam de dinheiro para financiar gastos em investimentos, e uma forma de captar esses recursos é com a emissão de títulos de dívida.

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Assim, o mercado de renda fixa é onde são negociados esses títulos, da seguinte forma:

  • os governos emitem títulos públicos;
  • as empresas geralmente emitem debêntures;
  • os bancos emitem CDBs, LCIs, LCAs e outras formas de investimento.

Mas fique tranquilo que eu vou falar sobre cada um desses tipos de investimentos em detalhes mais à frente.

Antes, porém, é importante entender quais são os 3 principais fatores que afetam o valor de um título:

  • o risco de crédito;
  • a liquidez;
  • o prazo.

Vamos nessa?

1 – Risco de crédito

 

Como já vimos, o risco é proporcional ao retorno.

E essa é uma equação da qual você dificilmente conseguirá fugir no mundo dos investimentos.

Então, quanto maior for o risco de crédito de uma instituição, ou seja, quanto menor for a empresa e o seu fluxo de caixa, mais difícil te será ela te pagar.

Logo, o retorno que ela precisa te oferecer para que você compre um título deve ser maior.

É a mesma coisa com bancos: você vai ver perceber que, quanto maior o banco, menos ele vai te pagar no CDB e na LCI.

Nesse sentido, o menor risco que existe no mundo dos investimentos é o soberano, ou seja, do país.

Em primeiro lugar porque o governo é o dono da impressora de dinheiro, então, se ele precisar imprimir reais, pode fazer isso na hora que bem entender.

É claro que isso tem efeitos nocivos na economia, como gerar um processo inflacionário, por exemplo. Contudo, no limite, o governo não vai te dar calote.

E, em segundo lugar, se ele te der calote, causaria um caos no sistema financeiro, porque 100% dos bancos possuem dinheiro aplicado em títulos públicos e a maioria das empresas também.

Ou seja, se isso ocorresse, todos os investimentos deixariam de ter valor monetário, porque tanto as empresas quanto os bancos quebrariam.

Como avaliar o risco de crédito de uma empresa ou banco

 

Existem duas maneiras de avaliar esse risco: a primeira é pesquisando, e a segunda é verificando a classificação de risco de acordo com as agências de rating.

Nesse sentido, o jeito mais indicado de fazer uma pesquisa sobre uma empresa é entrar no site de RI (relação com os investidores) e dar uma olhada no balanço.

Dessa maneira, você sabe se ela tem solvência – ou seja, se tem ou não a capacidade de pagar uma dívida – e como está o resultado dela. Ela está lucrando? A sua dívida está aumentando? E daí por diante.

Acontece que esse é um método relativamente trabalhoso, e nem todos tem a expertise de saber onde está cada um desses detalhes.

Mas existe uma forma mais simples de fazer isso: quando você for comprar o título de uma empresa ou banco, pesquise a instituição no Google.

Se a empresa tiver alguma notícia ruim em seu nome ou estiver passando por dificuldades, essas provavelmente serão as primeiras notícias que aparecerão para você.

Além disso, sites como Valor Econômico divulgam trimestralmente um comentário sobre o resultado de cada empresa.

Assim, se você quiser comprar debêntures de alguma empresa ou CDB de algum banco e estiver com dúvidas se a empresa é boa ou ruim, dê uma olhada no Google ou na Valor Econômico para verificar se há alguma notícia negativa circulando.

Quando os bancos começam a oferecer taxas muito altas, você pode entender se ele está com algum problema por meio de uma simples pesquisa.

Isso aconteceu em 2012, por exemplo, com o banco BVA, que entrou em recuperação judicial. Antes disso ocorrer, já havia algumas notícias mostrando que o banco não estava 100%.

Então lembre-se sempre de pesquisar para obter informações valiosas de forma rápida.

Agências de rating

 

O segundo jeito de avaliar o risco de crédito é através de agências de rating.

Após a quebra da Bolsa nos Estados Unidos, essas agências foram criadas para tentar verificar qual o risco de mercado, ou seja, elas monitoram as condições financeiras de cada empresa e soltam uma nota para o mercado.

O ideal então é que você invista em empresas com maior capacidade de pagar a sua dívida. Quanto maior for o nível dela, melhor para você.

Nesse sentido, existem 3 empresas de rating que são consideradas principais do mundo: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch.

Como você pode ver na imagem abaixo, elas seguem um sistema de notas e ficam divididas em grau de investimento e grau especulativo.

Nesse sentido, uma empresa que tenha uma nota que a coloque na área de grau de investimento (colorida em azul) tem muito menos chance de dar calote que uma que tenha grau especulativo (colorida em vermelho), então é nessa classificação que você deve ficar de olho.

Mas vale ressaltar aqui algo que é muito importante: as agências não são à prova de falha.

Na crise de 2008, por exemplo, diversos bancos com notas de crédito muito boas acabaram quebrando ou ficaram muito perto de quebrar e precisaram de ajuda do governo.

Então, repetindo: não tome isso como uma verdade absoluta. Contudo, a soma de uma pesquisa em sites especializados sobre a empresa e uma agência de rating dando um grau de investimento para aquele banco significa que as suas chances de perder dinheiro são relativamente pequenas.

Assim, entende-se que quanto mais informações você tem, melhor a análise de risco que você consegue fazer.

E para ajudar ainda mais com essa decisão, existe o fundo garantidor de crédito.

Fundo garantidor de crédito

 

Esse fundo foi criado para trazer mais credibilidade para o mercado de renda fixa e dar mais liquidez para os títulos de bancos menores.

Isso acontece porque, com ele, você tem a garantia de receber até R$ 250 mil de volta se esse valor estiver aplicado em CDBs, LCIs ou letras de câmbio.

Só que isso vale para CPF ou CNPJ e por instituição financeira. Então, se você tem mais de R$ 250 mil aplicados em determinado banco, essa proteção não cobre o que passa desse valor.

Isso é muito interessante porque bancos pequenos costumam oferecer CDBs e LCIs com rentabilidade muito atrativa, só que, como vimos, o risco de crédito deles é consideravelmente maior que o de um banco grande, ou até mesmo de um título público.

Então, se você tem até R$ 250 mil e vê um banco pequeno rankeado na área de grau de investimento, essa é uma excelente oportunidade de melhorar a relação risco-retorno da sua carteira, porque você está investindo em um banco com grau de investimento nas agências de rating e ainda tem a proteção do fundo garantidor de crédito.

E hoje existem excelentes oportunidades dentro desse patamar de R$ 250 mil, então você pode turbinar a sua rentabilidade sem aumentar muito o seu risco.

2 – Liquidez

 

A liquidez é outro fator muito importante quando falamos em renda fixa.

Como já vimos, ela nada mais é do que a capacidade de transformar o seu ativo em dinheiro.

Assim, existem títulos de renda fixa que têm liquidez diária, ou seja, você pode sacar a qualquer momento.

Contudo, esses títulos pagam menos, porque o banco que está te emprestando dinheiro não sabe quando terá que te pagar de volta, já que você pode resgatar o dinheiro a qualquer momento.

Então essa imprevisibilidade tem um custo para ele, logo, a sua rentabilidade diminui.

Outro ponto: caso você não precise do dinheiro hoje, sugiro que você busque opções sem liquidez diária, porque a rentabilidade dele será maior.

Assim, você traça seus objetivos, analisa o fluxo de caixa a partir do seu plano de gastos consciente, e vê que existem investimentos em que você não precisa de liquidez.

Posso dar um exemplo: se você pegar um empréstimo no banco para pagar daqui a 12 meses, pode usá-lo durante 12 meses sem problema e pagá-lo daqui a um ano.

Agora, se o banco tem o direito de resgatar esse empréstimo a qualquer momento, você não conseguirá gastá-lo, porque não poderá pagar o banco se ele pedir o dinheiro de volta amanhã.

E por essa instabilidade que o banco passa, então ele precisa ter alguma forma de  previsibilidade — quanto maior ela for, maior a rentabilidade que ele te dá em retorno.

E essa previsibilidade está no fato que você está se privando de sacar o dinheiro assim que quiser, então, se não precisa do dinheiro por um determinado prazo, o mais aconselhável é que você busque ativos com baixa liquidez.

3 – Prazo

 

Por fim, vamos falar do prazo.

Quanto maior for o prazo do título, maior o retorno, por causa da imprevisibilidade do futuro — afinal, você não sabe o que vai acontecer com uma empresa daqui a 2, 5 ou 10 anos.

Então, quanto mais longo for o título, maior é o retorno que a empresa terá que te pagar.

Além disso, também há a imprevisibilidade do seu lado: se você coloca dinheiro em um título a longo prazo, a sua capacidade de se planejar para usá-lo também diminui, porque você fica nas mãos do emissor, não é mesmo?

Então essa é outra situação em que, se você não precisa de liquidez, pode pegar títulos com uma rentabilidade cada vez maior.

E, por fim, também há a questão da tributação.

Como já vimos neste curso, a tributação é regressiva, ou seja, a cada seis meses que você fica com um título, menos imposto você paga.

A partir de 2 anos, você paga a menor alíquota de imposto, que é de 15% sobre os seus ganhos.

Por hoje é só. Na próxima aula, continuaremos falando sobre renda fixa, dessa vez focando nas diferentes formas de remuneração.

Te vejo lá!

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